10 coisas que não sabias sobre o azulejo português

Quando se fala de Portugal, há várias coisas que vêm imediatamente à cabeça: o fado e a guitarra portuguesa, o bacalhau e a sardinha e, claro, o azulejo. Intimamente ligado à nossa cultura, existem belos exemplares de todos os tamanhos e feitios, espalhados pelo país fora.

Ainda que um símbolo incontestável do nosso país, muito se desconhece sobre esta arte centenária. Aqui ficam dez curiosidades sobre os azulejos, para adicionar à tua cultura geral:

1. A palavra azulejo vem do árabe azzelij que significa “pedra polida”, usada para desenhar mosaicos pelos muçulmanos. Hoje em dia, podemos dizer que se refere a uma peça de cerâmica, geralmente quadrada, com uma das faces vidrada.

2. Os azulejos só entraram na vida dos portugueses em 1498, quando o Rei Manuel I fez uma visita a Sevilha e ficou encantado com o brilho dos azulejos naquela cidade. Decidiu trazer aquela arte para Portugal e utilizou-o para decorar as paredes do seu castelo: o Palácio Nacional de Sintra.

3. Sabes porque a maior parte dos nossos azulejos são azuis? Quando se começaram a fazer trocas comerciais com o Oriente, os europeus ficaram fascinados com a elegância e delicadeza da porcelana chinesa. Esta era difícil de fabricar, pois utilizava um ingrediente que na altura não existia na Europa, tornando-se um objeto de luxo de grande raridade e um símbolo de riqueza. No século XVII, numa tentativa de a imitar, os holandeses começam a fabricar azulejos nos mesmos tons azul e branco da porcelana chinesa. Os azulejos agradaram tanto aos portugueses, que volumosas importações foram encomendadas à Holanda para decorar as fachadas portuguesas.

4. Indignados com as enormes importações vindas do estrangeiro, os portugueses deram origem a um movimento marcante na história do azulejo em Portugal, o “Ciclo dos Mestres”. Começa-se a contratar pintores de cavalete de renome para criarem obras neste formato e a produzir em larga escala. É nesta altura que os pintores de azulejo ganham finalmente o estatuto de “artistas”, criando peças originais e a assinar as suas obras.

5. Hoje em dia, os azulejos são usados sobretudo por motivos estéticos mas, inicialmente, esse não era o seu principal propósito: a sua superfície vidrada impermeável ajuda a proteger as paredes da casa da humidade e das temperaturas baixas. Por isso, eram utilizados em zonas molhadas como casas-de-banho e cozinhas, pelo seu baixo custo e durabilidade.

7. Os azulejos são a forma mais antiga de “banda-desenhada” em Portugal. Por vezes até legendados em baixo, as Igrejas utilizavam-nos como forma de contar histórias de santos e fazer relatos bíblicos, já que os livros eram um privilégio a que poucos tinham acesso.

7. Sant’Anna é a fábrica de azulejos mais antiga de Portugal e ainda está em funcionamento! Conseguindo resistir ao terramoto de Lisboa, existe na cidade desde 1741 e ainda utiliza as técnicas artesanais de antigamente. Hoje, dedica mais de 90% da sua produção para o estrangeiro.

8. Depois do grande terramoto de Lisboa, a cidade foi “invadida” por azulejos. Na reconstrução da cidade, foram utilizados azulejos com padrões geométricos repetitivos, em vez de encomendar composições originais, para que a obra fosse o mais rápida e barata possível. Estes azulejos ficaram conhecidos como “Pombalinos”, com referência clara a Marquês de Pombal, o principal responsável pela reconstrução da cidade.

9. Os azulejos reinventaram-se ao longo do tempo e com cada estilo arquitetónico e, por isso, cada um conta uma história diferente. Como podemos interpretá-los? Por exemplo, azulejos mais antigos, de inspiração moura, costumam ter entrelaçados exagerados e complexos padrões geométricos, caracterizados pelo horror vacui (“horror ao vazio”) típico mourisco. Se olharmos para um azulejo de estilo gótico, reinam as figuras animalescas e da natureza. Durante o período Renascentista, vindo de Florença, começou a dar-se valor às simetrias e às proporções, sendo os desenhos dotados de uma grande delicadeza. Já na arte do período barroco, os azulejos começaram a ser trabalhados de forma cada vez mais teatral e exuberante, retratando cenas dos Descobrimentos e do quotidiano, alegorias e episódios bíblicos.

10. Não sendo único da nossa região, o azulejo é utilizado em vários países no mundo, como Espanha, Itália, Turquia e Marrocos. Ainda assim, Portugal é a Capital Mundial do Azulejo por uma razão especial: o azulejo é utilizado nas nossas fachadas e edifícios há mais de 500 anos, sem interrupções. Sobreviveu ao teste do tempo, mantendo-se como um importante meio de expressão artística até aos dias de hoje.


A decoração com azulejo é uma das artes mais marcantes do nosso país. Os azulejos são peças que contam histórias, que nos transportam para outros tempos e para a mente do artista. É nosso dever manter viva esta arte, aliando a tradição a inovadoras e modernas formas de expressão artística.

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Sofia Rosa